Com o passar dos anos, homens e mulheres tendem a engordar: os primeiros principalmente na cintura, as segundas sobretudo nas nádegas.
O advogado nunca fora propriamente gordo, estando quase sempre apenas um pouco acima do peso. Ao se aproximar dos setenta anos, o peso aumentara, embora não chegasse à obesidade.
A dieta, antes feita com facilidade, se tornara mais difícil, inclusive o abandono de um bom vinho no jantar.
Não querendo usar suspensórios, que julgava humilhantes, significando uma derrota final para o sobrepeso, passou a controlar o cinto, adaptando-o às suas necessidades.
Quando, ao se sentar, a barriga se projetava para frente, afrouxava um pouco o cinto e, antes de se levantar, o apertava. Tudo com a maior discrição possível, esperando que ninguém notasse a “manobra”.
Certo dia, reunido em seu escritório com dois estagiários, ao se levantar esqueceu de apertar o cinto, e suas calças literalmente caíram. Os três riram muito, e também sua mulher quando, à noite, veio a saber do ocorrido, pois, há tempos, o vinha advertindo do excesso de peso.
Por sorte, o hilário episódio não ocorreu em um restaurante, em uma audiência, ou, ainda, em uma reunião com algum cliente, notadamente se fosse novo, a quem desejasse causar boa impressão.
A partir desse dia, o advogado iniciou, enfim, o tão adiado regime. E, enquanto este não fazia o desejado efeito, passou a ter mais cuidado com o cinto ao se levantar...